quarta-feira, 26 de março de 2014

Samba da Alma

Queria ter o dom de fazer minha rima virar samba
Mas o samba já nasceu poesia
Fruto do quebrar do banjo e do pandeiro
Do gingado da mulata
Das avenidas de janeiro a janeiro.

Uns dizem que o samba é pra quem pode
Outros, com "ousadia e alegria",
que samba é a mesma coisa que pagode.

Mas não.

O samba, primeiro, é pra quem quer,
E a poesia do samba não se confunde,
Em vírgula alguma,
Com outro ritmo ou rima quaisquer.

O samba é coisa do morro,
Do povo, da gente, do mundo.
O samba pode ser de raiz
De gafieira, de roda
De aprendiz
Que será ainda, dos ritmos, o mais profundo

O meu samba não é de quadril
Nem de passo a passo
Meu samba é de fevereiro,
março,
abril.
Meu samba é samba de compasso

De dois a dois,

Num embaraço

Através

Da calma.

E há quem diga, ainda hoje,
que se samba com os pés

Meu corpo, um mero aprendiz,
já sentiu, na pele, que eu sambo com a alma.

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