quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O amor de Joana

(para uma amiga apaixonada pela história de Joana)


Como de costume
A saudade incomoda nos dias de chuva.
Saudade do teu perfume
Cansada de ser viúva.
- disse Joana em um fim de semana santa, nem tão santa, nem tão viúva. Nem tão Joana.

A morte de um amor se dá apenas pelo suicídio
Quando ele mesmo se destrói 

Se desama
Se derrama.
Mas o amor de Joana nada tem de louco
Apenas o derrame aceso
Ainda no canto.
Tão grande.
No chão,
Tão pouco.

A morte matada só deixa ferida
O amor de Joana é sóbrio
Tampouco morre de morte morrida.
Nem és viúva.
Mataram teu amor com faca curva
Te embebedaram com água benta e fanta uva.
E o amor de Joana permanece sóbrio
Mais só que nunca
Mais tempestivo que a própria chuva.

Um amor só morre quando morre dentro
Morrer fora é fazer do amor
adubo de hipocrisia e sentimento.
O amor não é matéria
Não é passível de homicídio
Nem trancado num presídio.
O amor não é matéria
Não é química decorada;
anatomia comparada;
Ou história mal contada.
Não é matéria
porque não morre no mundo
morre na gente
Sem tocar uma artéria
Sem ser adubo ardendo em vento frio
e apodrecendo em terra quente.

Joana ama como quem sabe amar.
Seu amor não morre.
Não toma porre.
Não para, não corre.
Apenas vive em paz
Quisera em par
Onde as almas tem razão
Onde os corpos queriam estar.

Joana ama dentro.
Dentro do amor
Onde nada mata
Onde nada morre.

Um amor só morre de morte morrida
De suicídio e derrame
E não é o meu caso!
- disse Joana (antes que alguém reclame).

[...]

Não sou viúva até que ele não me ame.
Não sou adubo até que a morte chame.