quarta-feira, 26 de março de 2014

Fotografia em forma de poema

Guardo-te nos olhos
Numa lente qualquer de uma máquina ainda fotográfica
Tens um tanto de poesia
E um quanto de todo canto por onde andas.
Tens um manto de maresia
E um bando de campos floridos, de sóis esquecidos, de luas tímidas em céus tingidos.
Guardo-te em lentes embaçadas
Em caixas bagunçadas
Em molduras da época de retratos - dos antigos, sombreados por sombrinhas e estações de trem.
Tens um pouco de saudade
Um muito de cada momento também.
Um Q estonteante de lembranças
Outro calado de nostalgia
E inda outro moldado de bem.

Tens um pouco de tempo
Tuas cores preto e branca revelam teu relógio, marcado pelas falhas em tua falta de cor e teu excesso de tinta fresca no relicário
O tempo não passou.
Quando te olho vivo teus detalhes, teus momentos, teu passado
E, enquanto vivo, tiro outras fotografias pra lembrar-me como é poetizar-te no cristalino do meu olhar - um preto e branco mais colorido que o presente.

Daniela Dino

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