segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Sobre aniversariar, 17/02

Eu gosto de fazer aniversário
Não é questão de número
Nem de idade
O gostoso é fingir que aquele dia é seu
[E que o sol nasceu mais bonito só porque você completa mais um ano de vida.]

Eu gosto é da rima doce do "parabéns pra você"
De comer bolo, brigadeiro
De poder ser tosca o dia inteiro
E receber todos os carinhos que eu merecer

Eu gosto de me arrumar pra receber os amigos
De reunir as pessoas que amo
E obrigá-las a dançarem pagode e arrocha comigo.

Eu gosto é de rir a toa,
De ouvir elogios, receber energias
E promover boca livre de muita comida boa.

Eu gosto é de receber carinho dos meus pais
Ser acordada ao som de violão
E esperar o próximo ano, com gostinho de quero mais

Eu gosto é de comemorar por mais um ano de vida
E saber que só falta mais um ano
Pra essa festa toda ser repetida

Eu gosto é de ser eu,
Essa mistura de alegria.
Sou um pouco de tudo
De todos
De arrocha
Futebol
Sonhos
E poesia.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

2 anos de Saudade

Marcelo, que saudade tua!
Saudade tanta que minha boca fica triste
De palavras e consolo
Saudade tanta que me tenho um querer tolo
De trazer-te de volta desse sono eterno que em ti existe

Marcelo, que vontade tua
Vontade tanta que meus sonhos se permeiam de ti
De teu riso e sossego
Vontade tanta de te dar um aconchego
Que não dei na última vez em que te vi

Marcelo, que querer-te insensato
Um querer que se contradiz
Em saber que estás em paz
Confortando o vazio de teus pais
Mas querer-te como nunca antes te quis

Marcelo, descansa e te cuida
Aqui, o mundo te ama voando
O vazio de alguns ainda precisa de ajuda
O coração se acalma te amando
A saudade, gritante, é muda.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Jo-sé-ana

(dessas histórias que se inventa no trânsito, no banho, na fila da padaria - A uma amiga apaixonada pela história de Joana)

Joana mudou de nome
[Seu coração agora bate em outro peito]
Sua saudade,
também calada,
Hoje morre de fome.

Ainda embriagada com fanta uva,
E ainda que seu amor fosse morto
- e se tornasse viuva,
Joana teria o peito torto.
Oco.
Moco.
Cansado de vazio e desconforto.

E ainda que a ponta cega da faca curva
Ferisse seus olhos
E a vista ficasse turva
Joana teria um peito calado
E, em outro peito,
Sobrevivendo (bravamente) ao leito,
Um coração alado,
VIVO,
Despedaçado.

E de ter asas,
Seu coração voa ao lado de aviões
(do forró, ou de tantas outras tripulações)
E voa alto
Onde o céu não pode alcançar
E voa veloz
"Voa mais do que minha voz"
E volta pro seu peito pra amar.

E, com final feliz,
Joana, triste,
Muda de nome
Antes, inteira,
Agora, metade,
É codinome.

Joana era Joana
Perdeu o Jô
Perdeu o sé
Agora é Ana.

Daniela Dino

Dia do Arquiteto, 15 de dezembro

Pausa na poesia para o dia do Arquiteto, 15 de dezembro de 2013


AINDA não sou arquiteta, mas compartilho do amor, da admiração, da paixão pelas curvas, pelo traço firme - reto ou curvilíneo; pelo conceito; pelos projetos e pela história embutida nos monumentos, em conjuntos arquitetônicos, em aspectos urbanistas e paisagistas das cidades. Os arquitetos são profissionais responsáveis pela harmonia do ambiente em que vivemos, que compreendem a sociedade e a natureza como um conjunto só, estudando seus detalhes, seus poréns, seus diversos ângulos (ponto de fuga, plano inclinado, planos de uma vida toda) e seus inúmeros desafios, encaixando todos os aspectos de ambas as partes e criando uma arte admirável, com gosto de criatividade e dedicação. Por tudo isso, parabenizo, no dia de hoje, o rei: Niemeyer, que hoje completaria 106 anos, e todos meus futuros excelentes colegas de profissão: Karina Serra, Ana Gabriela Braga, Genival Caetano, Bárbara Souza, Mariana Frota, Sarah Evelyn, Elisa Bermudez e Milena Panhol.

Efusão de amor

Amor sobrevivente aos cactos
Aos espinhos afiados
À secura
Ao sertão

Amor coerente aos atos
Aos momentos passados
À fervura
Ao coração

Amor intermitente, mesmo com os fatos
Com os tempos amordaçados
Com tentativas em vão

Amor, infelizmente, aos matos
Contrariados, sofridos, calados
Indo de frente à contra-mão.

Amor de olhar e de tato,
Que sente mais amor quando tocado
E invade o céu, o luar, o clarão

Amor, agora, não precisa de contato
A distância o deixa mais amado
Amor de verdade, bem mais que paixão

Amor de tempo imediato
De futuro, presente, passado
De tiro no escuro,
De paz,
De efusão.

Amor de hoje, de sempre
De outono - inverno - primavera - e - verão.

Daniela Dino

Dança em transe

Encaixam-se as pernas
Como cabeças quebradas em peças
Entrelaçam-se como tranças
E mãos dadas 
Ou trincos de portas trancadas
Ou tremores involuntários na dança

Olhos de ressaca
Buracos semi-abertos
Suor escorrendo pelo corpo

Entrelaçam-se então os corações
O sangue pulsa
O amor impulsa
A dança começa

Um passo pra lá
Dois pra cá
Num ritmo em transe.
Na transa,
Um Louco
Dois loucos
Translúcidos, - tornados,
[Até que se cansem de tocar]

A música para
O trânsito libera
O salão esvazia-se em noite de prazer

A dança para
O amor permanece
E ai de mim
E de quem padece
De amor em transe
E depois se esquece

Entrelaçam-se, por fim, os olhares
A música volta
A dança recomeça
O amor...
Ah, o amor!
- Olhos de ressaca
Buracos semi-abertos
Suor escorrendo pelo corpo:

Uma verdadeira dança em transe.

Daniela Dino

Oração ao Pai I

Pai, tu que me puseste no mundo
E de mim fizeste teu mundo
Dai-me sabedoria
Pra que eu possa ser humana
Mundana
- e docemente fria
Tu que a terra me deste pra nascer
Que dos campos me fizeste florescer
Dai-me frieza
Pra que eu possa ser gente
Coerente
- e humildemente sábia em franqueza.
Ó Pai,
Tu que do que céu refletiste o mar
E das estrelas os peixes a nadar
Dai-me paz-ciência,
Pra que eu possa juntar a razão da emoção
O equilíbrio do coração
- e conquistar minha paz, minha ciência, minha paciência e vivência.
Dai-me, também, Pai
Um pouco de ti
Pra que eu possa ser tua
Ser sábia
Ser fria
Nua
Águia
E voar pelo céus em busca de liberdade!
Ser leve como um pássaro
Feliz como a verdade.

Daniela Dino

Rosas

(aos meus pais amados)

Somos tuas rosas porque as rosas exalam amor
E em cores (de rosa ou de outra cor) 
florescem em vida nos teus dias
As rosas gritam sem voz
Em beijos
Abraços
As rosas cuidam dos passos
de um roseiral nas estações frias.
Somos tuas rosas.
Tuas rosas que cicatrizam as pétalas despedaçadas
Que enfeitam jardins
e rodeiam calçadas.


(As rosas não falam, apenas exalam)
E renascem em primaveras
E sorriem apaixonadas com sorrisos teus.
Somos botões
Botões de rosas que cabem na palma da mão
Que se perdem nas roseiras em tamanha grandeza
e rodeiam os canteiros do coração.
(As rosas não falam, mas amam)
E cantam tuas cantigas de ninar
Somos rosas que brilham
No teu céu, na tua terra, no teu mar.

Somos tuas rosas
e só tuas em teu jardim
Somos pedaços de amores
De 50 anos de flores
E de mil e uma noites sem fim.

"As rosas não falam,
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti"

Esse ultimo verso é de uma musica lindíssima de Cartola, e sintetiza a verdadeira mensagem desse poema. Somos as rosas, modéstia parte, isso é um fato. Mas nós rosas apenas exalamos o perfume que roubamos de vocês, do que aprendemos com vocês, do que vivemos com vocês. Parabéns pai e mãe! Quanto mais felizes vocês forem, mais rosas nós seremos.

Simples saberes

Que eu saiba ouvir
Ouvir como quem afaga os cantos dos pássaros
E vive em equilíbrio circense a vida.
Que, sendo amada, saiba amar
Como quem nega os dissabores
E sara com perdão as feridas.
Que eu saiba ser grande,
E encher-me pequena de humildade.
Que eu saiba gozar sorrisos
E colher de terreiros a sabedoria.
Alegre, que eu seja todo dia
E saiba arrancar o rancor do peito,
Fazendo da minha alma a mais garrida.
E que eu saiba cair
E no levantar ser rápida como o tempo
Que eu saiba sentir os mais diversos sentimentos
E em momentos fazer de mim a liberdade mais viril do céu
Que eu saiba ser criança
E esqueça de saber o gosto do fel.
Que eu saiba querer Deus
E rezar com os braços abertos
Por pedaços de mim que vivem do lado de fora, de dentro, de lá.
Que eu saiba ser sábia
Como um canto afinado e infinito de um sabiá.
Que eu saiba enxergar o mundo
Com os olhos de quem sabe tudo,
Mas de tudo não sabe nada.
Que eu saiba primeiro amar;
depois errante;
enfim amada.

Daniela Dino

Ser em poucas palavras

Sou como um caco de vidro no chão.
Já fui inteira.
Hoje nada me quebra mais.
Sou como um grão de areia
Já fui mar.
Hoje sou artesanato, arquitetura até.
Sou como uma gota d'água
Já fui chuva.
Mas não escorro mais em lágrimas.
Sou como um pedaço de vento
Já fui desastre
Hoje sou brisa tranquila, - ou turbulenta, truculenta, diria.
Sou como um pedaço de céu
Já fui vazio
Hoje sou constelação.
Sou como um ser abençoado
Já fui descrente
Hoje dou graças ao Pai amado.
Sou como um pedaço de tudo
Já fui vazio
Nada
Ninguém
Hoje sou Deus e o mundo!

Daniela Dino

Amor-amor

Amor é vicio
É ópio
É rio de lágrimas e sorrisos.
Amor é ódio
Amor é coração em mente
- com certeza, sem razão.
Amor é triste
(só quando cansado)
É feliz mesmo bastardo
É amor amado e gritante.
Amor de mundo é amor gigante
Amor falado é amor amante,
Ou amador, quem sabe?
Amor calado é secreto
É vivo
E não morre de fato, e nem de feto.
Amor é droga
Corre nas veias
E queima na pele..
É sonho, é silêncio, é amor de plebe
Amor pobre de tempo, rico de essência
Amor pobre de chance, rico de vontade
Amor pobre de voz, rico de eco.
Amor é amor mesmo com saudade
Amor é amor quando só tem bondade
É amor a respiração quieta da madrugada.
É amor a alma bêbada e a paz armada.
E a voz calada também amor,
também se faz amor, também se faz amada.

Amor é vício
É ópio
É rio de lágrimas e sorriso.

Daniela Dino

Canto dificil de ler, fácil de ouvir

Me encanto enquanto
olho esse canto.
E conto cantos
encantados,
quando, encantada,
ouço os cantos
desse conto.
E enquanto encantam
meu tempo contado,
conto quantos
cantos aqui são cantados.
Enquanto conto quantos
contos são encontrados,
me encanto ainda mais
com teu céu encantado.
Tanto quanto.
Tanto quando.
Tanto canto.
Pois conto cantando os quandos de teu encanto.

Daniela Dino

Fiz essa poesia em homenagem ao novo blog de uma amiga: www.omeuencantomeucanto.blogspot.com, é um lugar onde se pode apreciar a beleza do céu de Brasília de qualquer lugar do mundo. Além disso, gostaria de aproveitar o momento para parabenizá-la pelo dia de hoje, quando completa mais um ano de vida e de cantos (de encantos também). Tudo de bom pra você, lisinha! Um beijo grande, amiga! Espero que goste! S2 - A Elisa Bermudez