domingo, 30 de setembro de 2012

C de AMAR


[Chico, Caetano e Carlos Drummond que me perdoem,
mas o sentimento de poeta mais nobre
hoje
é meu].


Perdida em ardor e amor,
ainda derramo lágrimas
no calor daquela fogueira.
Ainda canto, vivo meu choro
E no meu fogo de lareira
meu silêncio em coro.
- Amanheceu e eu nem vi,
mas que alvorada linda!

Um pouco de mitologia não faz mal.
Deitada sob o céu estrelado
Sob nuvens, a brincar de criança
Vejo um sorriso com gosto de vida
Nada mais.
Apenas um gosto de candura juvenil à base de esperança

E agora sinto meus pés tocarem o céu
em harmonia perfeita com meu sangue,
derramado em amor.
Com minha pele gritando por alma
e minha alma tremendo de calma
o meu mundo de cabeça pra baixo sorria
[...]
- E numa roda-viva gigante
Dá-lhe Chico e Caetano,
 Alegria alegria.

Canto a ti as vozes dos pássaros que vi
As pernas cansadas de uma alavanca de amor
Mostro a ti o tato no cuidado das lembranças (chamadas de INHA por pura modéstia, faz favor!)
As horas em vigília, o social, o externo
Rendo-me ao geral , perco-me em palavras e grito por esse amor lindo e eterno.

- Pois bem,
 Amanheceu e eu nem vi
[...]
Mas que alvorada linda!

--

CAMAR 60. C de AMAR!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Primavera Dadaísta


23 de setembro, Início da Primavera
                                      


O
ser
tão
bem
te
vi
o
bem
me
quer
beija
(a)
flor
bem
vinda
a (o)
cor
ação
de
ser
vir
a
vida.


bem
vim
da [...]
primavera.


O sertão bem te viu, bem-te-vi. O bem me quer, beija-flor, beija a flor. Bem-vinda a cor, ao coração, ação de ser, ação de servir a vida. Servirá a vida. Vira vida. Vida, seja bem-vinda [...]

Seja bem-vinda primavera.

Daniela Dino

sábado, 15 de setembro de 2012

Saudade não tem rima


Deixem-me fazer rima pobre
Juntar ouro com cobre
Falar de vento, fel, vida.
Deixem-me rimar a vida.
Criar denoto-conotações
Falar de amor com palavrões
Viver no curso sinuoso dos rios.
Me esvair em pensamentos frios
Enquanto endurece minha alma a seca
Até novembro...
E que venha a primavera de setembro
E o tempo de Saturno,
a luz do escuro taciturno.
- Pois bem,
Há de nascer alguma flor do inferno.

Deixem-me tirar do céu a chuva
Prosear o calor com a pele
A vida com a morte
E que rima! - a mais forte.
Deixem-me guiar minha sina
Liberta
E ver na pedra o homem
esculpido e a menina
inteira mulher, metade poeta.
Quero rimar flores com cores
Que se fo*am as dores
Que se ergam os amores.

- Pois bem.
Deixem-me fazer rima pobre.
[...]
Que tudo mais vá pro inferno,
Meu bem.
O nome disso é saudade
E saudade não tem hora
Não tem forma
Não tem rima.
- Há de nascer alguma flor do inferno
Que brote no seco desse clima.
- Pois bem,
Saudade não se estima.
E que venha a primavera chuvosa
Que se chore, que se ame
E que se fo*a a po**a da rima.

Daniela Dino

sábado, 1 de setembro de 2012

São Luís, 400 anos

Este mês, no dia 8 de setembro, minha cidade completa 400 anos. Anos esses de muita história, de muita vida, de muita essência. Anos esses de concentrações de poder, de manobras administrativas corruptas, de uma oligarquia e coronelismo que não cessa. São Luís é uma cidade de maravilhas. De encantos, de um povo acolhedor, apaixonado e esperançoso. Mas, pra mim, São Luís vai muito além. São Luís é meu canto, onde eu me entendo, onde eu sou gente, onde meu riso é mais feliz. É minha paixão, meu orgulho, minha saudade. É meu começo e recomeço; minha vontade, meu querer, meu renascer. Minha cidade tem um cheiro que é só dela, uma brisa quente que me acalma, um cheiro único de barro molhado nas chuvas de verão. Minha cidade tem um Q de vida, um Q de urgência, e um outro Q de saudade. Minha cidade tem um pouco de mim, e eu tenho dela os meus olhos marejados; meus olhos que agora lembram de sua lua cheia, que cantam meu Bumba meu Boi e dançam meu São João com ventos buliçosos, balançando meus cabelos no quebrar do banzeiro. Tenho em mim tua vida nobre e cega, escondida e realçada nos teus 400 anos.
Tenho em mim tua pureza, tua verdade, tua esperança.
Sou saudade.
Saudade essa que se chama (minha) "Ilha do Amor".


                            

À minha Pátria Maranhense

És assim, metade encanto
Metade repugnância
Ilha solta, banhada em ânsia
Posse da oligarquia de um “santo”
És fictícia, de pobreza vitalícia
De contrastes, fortuna e matança.
- Ah! Minha São Luís Rei de França
Os “Donos da terra” detém tua milícia.

És rica, injusta, “inculta e bela”.
Teus leões são fortes e fracos.
Azulejos e casarões em cacos
Presa em ti,
Em ti tua cela.

És inteira saudade doída
Vertigem, sonho, derrame.
És doce, infame
És braço de mar em vento de vida

Ora  sofrimento, ora maravilha
Ora orgulho, ora vergonha.
E um povo cego que ‘inda hoje sonha
Com o magnetismo de minha ilha

[A ilha magnética, de horizonte belo,
de Cézar Nascimento e seu jeito de guri
“E Outro dia me disseram que o amor nasceu aqui”].

És tudo que crio e tenho
És tudo que o tal Santo não deixas ser
És vítima dominada e indomável
Autônoma, abastada, instável,
E manobrada por “abestados” no poder

Daniela Dino