terça-feira, 2 de setembro de 2014

O sertão e a paz

Quanto custa a paz?
Me diz aí, homi, que eu quero comprar!
Eu vim de lá do Sertão do Nordeste
Ô Cabra da peste!
Esse cerrado tá seco pra daná!
Quanto custa uma gota d'água?
Tem um cerrado no meu coração!
Mas se a secura que aqui ecoa fosse minha
Teria uma coisa que a Chica num tinha:
Um desamor pela dor do Sertão.
Quanto custa o barulho do silêncio?
Esse daí deve ser os zóio da cara
Tá difícil demais encontrar!
Me leva daqui desse deserto, Pau de arara,
Deixa eu voar solta feito Carcará.
Quanto custa o ar puro e úmido?
Aquele lá com gosto de terra molhada...
De rede no fim de tarde na casa de taipa mal acabada...
Aquela simplicidade quieta e um bocado arretada.
Quanto custa a primavera nessa seca braba?
Tanto amor cum perfume de flor bonita
Tanto rio cum potencial de água infinita
Tanta poeira que inté atrapáia as vista e num acaba.
Quanto custa o sol no escuro desse deserto?
Tudo aqui dentro, mesmo longe, tão perto!
É tanta tempestade na secura desse clima
Tanta alvorada que coloca nós pra cima
Tanta seca nesse chão de tanto amor quase sem rima.
Quanto custa a paz?
Me diz aí, homi, que eu vou aculá buscar!


Daniela Dino

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