sábado, 1 de setembro de 2012

São Luís, 400 anos

Este mês, no dia 8 de setembro, minha cidade completa 400 anos. Anos esses de muita história, de muita vida, de muita essência. Anos esses de concentrações de poder, de manobras administrativas corruptas, de uma oligarquia e coronelismo que não cessa. São Luís é uma cidade de maravilhas. De encantos, de um povo acolhedor, apaixonado e esperançoso. Mas, pra mim, São Luís vai muito além. São Luís é meu canto, onde eu me entendo, onde eu sou gente, onde meu riso é mais feliz. É minha paixão, meu orgulho, minha saudade. É meu começo e recomeço; minha vontade, meu querer, meu renascer. Minha cidade tem um cheiro que é só dela, uma brisa quente que me acalma, um cheiro único de barro molhado nas chuvas de verão. Minha cidade tem um Q de vida, um Q de urgência, e um outro Q de saudade. Minha cidade tem um pouco de mim, e eu tenho dela os meus olhos marejados; meus olhos que agora lembram de sua lua cheia, que cantam meu Bumba meu Boi e dançam meu São João com ventos buliçosos, balançando meus cabelos no quebrar do banzeiro. Tenho em mim tua vida nobre e cega, escondida e realçada nos teus 400 anos.
Tenho em mim tua pureza, tua verdade, tua esperança.
Sou saudade.
Saudade essa que se chama (minha) "Ilha do Amor".


                            

À minha Pátria Maranhense

És assim, metade encanto
Metade repugnância
Ilha solta, banhada em ânsia
Posse da oligarquia de um “santo”
És fictícia, de pobreza vitalícia
De contrastes, fortuna e matança.
- Ah! Minha São Luís Rei de França
Os “Donos da terra” detém tua milícia.

És rica, injusta, “inculta e bela”.
Teus leões são fortes e fracos.
Azulejos e casarões em cacos
Presa em ti,
Em ti tua cela.

És inteira saudade doída
Vertigem, sonho, derrame.
És doce, infame
És braço de mar em vento de vida

Ora  sofrimento, ora maravilha
Ora orgulho, ora vergonha.
E um povo cego que ‘inda hoje sonha
Com o magnetismo de minha ilha

[A ilha magnética, de horizonte belo,
de Cézar Nascimento e seu jeito de guri
“E Outro dia me disseram que o amor nasceu aqui”].

És tudo que crio e tenho
És tudo que o tal Santo não deixas ser
És vítima dominada e indomável
Autônoma, abastada, instável,
E manobrada por “abestados” no poder

Daniela Dino

Um comentário: