sábado, 15 de setembro de 2012

Saudade não tem rima


Deixem-me fazer rima pobre
Juntar ouro com cobre
Falar de vento, fel, vida.
Deixem-me rimar a vida.
Criar denoto-conotações
Falar de amor com palavrões
Viver no curso sinuoso dos rios.
Me esvair em pensamentos frios
Enquanto endurece minha alma a seca
Até novembro...
E que venha a primavera de setembro
E o tempo de Saturno,
a luz do escuro taciturno.
- Pois bem,
Há de nascer alguma flor do inferno.

Deixem-me tirar do céu a chuva
Prosear o calor com a pele
A vida com a morte
E que rima! - a mais forte.
Deixem-me guiar minha sina
Liberta
E ver na pedra o homem
esculpido e a menina
inteira mulher, metade poeta.
Quero rimar flores com cores
Que se fo*am as dores
Que se ergam os amores.

- Pois bem.
Deixem-me fazer rima pobre.
[...]
Que tudo mais vá pro inferno,
Meu bem.
O nome disso é saudade
E saudade não tem hora
Não tem forma
Não tem rima.
- Há de nascer alguma flor do inferno
Que brote no seco desse clima.
- Pois bem,
Saudade não se estima.
E que venha a primavera chuvosa
Que se chore, que se ame
E que se fo*a a po**a da rima.

Daniela Dino

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