quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Sorrir


Toda vida que a si trai enlouquece
Todo dia em que se cai desvanece
Toda noite que se vai amanhece.
Por isso sorrir,
Porque viver à margem da vida torna o mundo fatal,
Porque nascer pra todos faz do sol universal
Porque tocar o silêncio faz da paz imortal.
Se eu toco o silêncio,
Se eu sinto, se eu vivo, se eu penso,
Repenso,
Reconheço,
Relento,
Refluxo,
Reinvento,
É porque amanheço.
Por isso sorrir,
Porque meus versos são feitos de alvoradas intensas
Porque não há sonho que termine antes de ser vivido
Porque não há riso que acabe sem ser sentido.
Toda vida que a si trai enlouquece
Todo dia em que se cai desvanece
Todo riso que atrai me enobrece.
Por isso sorrir!
Porque não há sonho que termine antes de ser buscado
Porque não há vida sem que haja outra vida ao lado
Porque não há brilho que acabe num sorriso apaixonado.
Se eu rio, sorrio, sou rio,
É porque amanheço.
Toda vida que a si trai enlouquece
Todo dia em que se cai desvanece
Todo verso que distrai permanece.

Daniela Dino

Ouro Lunar

(A lua e o dia de hoje trouxeram, além de brilho, inspiração!)
Queria roubar a lua
Mas ela me roubou de mim
Me fez brilhante como ela brilha
Enquanto escutava a trilha
Que invadia minha luz com seu clarão de luar
De repente, eu não era mais eu
Era lua.
Era o céu estrelado nessa noite tão crua
Nesse tempo tão claro de sorrisos no ar
- Prendi a respiração
Perdi meu coração
Me levaste sem sair do lugar
Roubei tua energia
Fiz do céu minha alegria
Quis cobrir-me de ouro lunar

Daniela Dino

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O sertão e a paz

Quanto custa a paz?
Me diz aí, homi, que eu quero comprar!
Eu vim de lá do Sertão do Nordeste
Ô Cabra da peste!
Esse cerrado tá seco pra daná!
Quanto custa uma gota d'água?
Tem um cerrado no meu coração!
Mas se a secura que aqui ecoa fosse minha
Teria uma coisa que a Chica num tinha:
Um desamor pela dor do Sertão.
Quanto custa o barulho do silêncio?
Esse daí deve ser os zóio da cara
Tá difícil demais encontrar!
Me leva daqui desse deserto, Pau de arara,
Deixa eu voar solta feito Carcará.
Quanto custa o ar puro e úmido?
Aquele lá com gosto de terra molhada...
De rede no fim de tarde na casa de taipa mal acabada...
Aquela simplicidade quieta e um bocado arretada.
Quanto custa a primavera nessa seca braba?
Tanto amor cum perfume de flor bonita
Tanto rio cum potencial de água infinita
Tanta poeira que inté atrapáia as vista e num acaba.
Quanto custa o sol no escuro desse deserto?
Tudo aqui dentro, mesmo longe, tão perto!
É tanta tempestade na secura desse clima
Tanta alvorada que coloca nós pra cima
Tanta seca nesse chão de tanto amor quase sem rima.
Quanto custa a paz?
Me diz aí, homi, que eu vou aculá buscar!


Daniela Dino