terça-feira, 14 de agosto de 2012

A uma Saudade





Eu sei que a saudade é bruta
Abstrusa, feito o escuro na gruta
sem saída.
Eu sei que a saudade é doce
E amarga como se fosse
o triste fel de tua partida.

E agora te calas
embaixo dessa terra fria
Queria eu e minha saudade queria
bastar,
Bater serena num coração desalmado,
que chora cansado
a tua ausência e teu falar.

Eu sei que a saudade é imensidão
Que o colosso das lembranças
escorre pela mão
Eu sei da vontade do imediato
porquê da consequência de um fato.

Eu sei da saudade,
que vive na lembrança daquela tarde,
quando deitei na companhia
de quem também buscava e sentia
 tua calma
E num abraço só,
terno e eterno,
[do céu ao inferno]
 Fui feliz e chorei por sentir tua alma.

Eu sei da saudade que por aí respingo
Do gato-mia de todo domingo
Do nojinho de feijão e do chilique
Da vitamina de abacate e do nosso Nesquik

Eu sei da saudade do futebol na pracinha
Das brincadeiras semanais de escolinha
Das missões impossíveis de boca de forno
Da piscina gelada; do banho morno;

Sei das brigas por quem voltava no sol
Da tua tendência aguda a ter terçol
Das brincadeiras de Demônio
Do pesadelo feio, do bonito sonho
[...] Da brincadeira de carrinho,
E dos apelidos “TATÁ! DANHÉLA! TELINHO!”

Eu sei da saudade do Banco Imobiliário
Dos xingamentos a Vinícius de burro, chato, otário
E de ir a praia pegar jacaré,
Das tuas cosquinhas bobas na ponta do pé;

Sei da saudade de andar na paredinha
De sujar de branco a roupa todinha;
Do teu carinho com o Fred
E da “perna”, o “bigode” e o “bafo” - que até hoje fede.

[Eu sei da saudade!]

Da saudade feliz, que não tem hora
Que sobe por dentro, que queima por fora
Que grita teu nome aqui e agora
- Que nasceu quando sem saber deste adeus,
E sem querer foste embora.

Daniela Dino


14/08/2012, 6 meses.

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